segunda-feira, 16 de julho de 2012

Entrevista para Bandnwes: A abstinência pela tecnologia e internet

Programa: Isso é Coisa da Sua Cabeça BAND NEWS FM
Dia e horário: sábado, dia 19 de junho, 20:40
Tema: “A abstinência pela tecnologia e internet”

INÊS DE CASTRO: Tá num restaurante... acessa os e-mails. Tá no meio de um encontro com a família... abre lá o celular com conexão pra a internet. Você não pode ficar sem se atualizar. Às vezes nem mesmo nós nos damos conta, mas estamos a um passo daquele vício virtual. O pior retrato parece usar os jovens como personagens, eles ficam conectados 8, 10, 12, às vezes mais horas ainda por dia, entrando em sites, passeando pelas redes sociais. Tira o computador ou o celular desses jovens, eles experimentam algo semelhante a crise de abstinência que é vivida pelos dependentes de drogas e substâncias químicas e isso é a ciência que comprova. Aquilo que veio para facilitar está se tornando uma espécie de vilão nas nossas vidas, segundo pesquisas conduzidas pelo Centro de Recuperação pra Dependências da Internet nos Estados Unidos a parcela dos viciados representa, nos vários países estudados, algo em torno de dez a quinze por cento. E para falar sobre os viciados em internet eu vou conversar hoje com a médica psiquiatra, membro da Associação Brasileira em Álcool e Outras Drogas que já foi diretora do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Estado do Rio de Janeiro, Dra. Magda Vaissman.
Doutora, no momento em que estou falando sobre esse panorama, das pessoas que não conseguem largar o computador, alguns dos nossos ouvintes podem estar pensando: "ah, mas que exagero isso!”, O uso excessivo da internet configura mesmo um vício?
MAGDA VAISSMAN: Olha a gente tem visto que isso configura um vício para certas pessoa,Em que a pessoa não pode viver um minuto sem consultar, ela tá em qualquer numa situação no trânsito, dirigindo, a espera de uma consulta médica, como eu vejo, às vezes, no consultório. Em qualquer circunstância a pessoa está procurando alguma coisa na internet. Consultando e sem necessidade, quer dizer, situações em que inadvertidamente ela está  procurando alguma coisa na internet onde ela deveria está mais relaxada, mais ligada em outra  situação.
INÊS DE CASTRO: Naquela situação que ela está vivendo. Então talvez o vício possa se configurar na incapacidade que a pessoa tem de se afastar daquele  aparelho que a conecta à internet e da frequência com que ela faz isso.
MAGDA VAISSMAN: Exatamente, exatamente. É como uma paciente minha que é dependente de internet, ela diz: "eu não posso ficar desligada da internet, eu tenho que ficar sabendo toda hora o que que está acontecendo no mundo. Eu não posso ficar vendo televisão o dia inteiro, então eu fico o dia inteiro ligada na internet, no meu computador ou então no meu celular, pra saber o que está acontecendo. Eu preciso saber o que tá acontecendo”.
INÊS DE CASTRO: Será que nós podemos comparar a dependência dos viciados em internet aos viciados em álcool e outras drogas ou algo socialmente aceito como internet, por exemplo, não é visto, assim, como uma droga capaz de causar dependência?
MAGDA VAISSMAN: Sim, hoje em dia, a gente pode fazer uma comparação sim, por que  os estudos demonstram que isso está ligado a uma compulsão, a um distúrbio compulsivo ou um transtorno dentro do espectro dos transtornos dos impulsos. Então, seriam as chamadas dependências não químicas que nem dependência de droga, e você  vai ter dependências químicas como a dependência ao álcool a cocaína, ao crack, heroína, etc. e as dependências não-químicas como a dependência a internet, a dependência ao jogo, com o jogo patológico, a dependência ao sexo, a dependência a comida. São todos distúrbios, chamados distúrbios do impulso, onde o que está envolvido no cérebro é alteração no centro de recompensa. Nesse centro de recompensa que todos  nós temos no nosso cérebro que é nos dá prazer,  acaba sendo transformado em compulsão. O sujeito tem uma compulsão a ter prazer, a sentir prazer. É como um reflexo condicionado onde o sujeito vai  várias vezes, várias vezes, atingindo isso até que ele não consegue mais o prazer, mas ele continua a buscar incessantemente esse prazer. Havendo com isso uma transformação dos neuro-transmissores cerebrais, isto é da neuroquímica cerebral. Desses circuitos de recompensa, gera um mecanismo de reforço de busca, o chamado reforço positivo, vai aí havendo uma  transformação e vira um ciclo vicioso, onde ele vai cada vez mais procurando, ele não consegue novamente e vai, vai, vai e ai a gente pode caracterizar uma compulsão. Podemos defini-la como uma repetição indefinida sem propósito, sem o menor sentido, e principalmente sem controle algum. Embora consciente, por mais que o individuo diga a si mesmo "não vou fazer mais isso", ele vai e faz, mesmo contra a sua própria vontade ou consciência.
INÊS DE CASTRO: Então a gente não deveria enxergar esses vícios...
MAGDA VAISSMAN: Que acaba sendo uma doença como jogo patológico é uma doença, o sujeito joga, joga, joga ele perde tudo, mas continua jogando.
INÊS DE CASTRO: Então tem tanta gravidade, doutora, a gente deve olhar com tanta seriedade a compulsão pela compra a internet, o jogo como a gente olharia, por exemplo, um  viciado químico?
MAGDA VAISSMAN: Sim, lógico, isso com a mesma seriedade, encarar com a mesma seriedade. Por que por que o sujeito deixa de fazer uma série de coisas em função da sua dependência. O sujeito que tem uma compulsão por internet, ele deixa de aproveitar uma série de outras coisas na vida dele para se dedicar a internet. Jovem, por exemplo, ele pode ficar horas trancado dentro de um quarto fazendo jogos na internet, ou pesquisando na internet, e deixando de viver. Deixando de fazer um esporte, deixando de ter o convívio familiar deixando de estudar para dar conta do seu vício, da sua dependência.
INÊS DE CASTRO: Doutora Magda, a senhora falou sobre o centro de recompensa no cérebro, assim como o dependente de drogas o viciado em internet ele experimenta também uma espécie de euforia na hora em que ele está conectado, está usando o computador ou está na rede social, por exemplo?
MAGDA VAISSMAN: Ele tem uma sensação de prazer quando ele começa a fazer isso. Ele se sente, vamos dizer que ele sente uma  compulsão, uma necessidade imperiosa de fazer essa consulta de ficar na internet. Há casos, inclusive, do sujeito nem se levantar, e ficar... Se alimentar ali diante do computador, fazer as necessidades fisiológicas em frente do computador. Há casos às vezes muito, pode chegar até a uma psicose,  nessas circunstâncias.
INÊS DE CASTRO: E é possível, que o dependente de internet ele tenha o seu desempenho afetado em tarefas intelectuais que ele é obrigado a realizar no dia-a-dia caso ele fique desconectado. Vamos supor, por uma pessoa que é obrigado a se manter distante do computador ou distante do seu aparelho celular com acesso a internet, essa pessoa...
MAGDA VAISSMAN: Vai ter os mesmos sintomas de uma síndrome de abstinência, como nervosismo, ansiedade, distúrbio do sono, ele pode ter uma euforia, ou uma depressão, ele pode ter uma sensação de mal estar quando ele não consegue realizar o que ele precisa a compulsão, tem um mal estar, uma abstinência.
INÊS DE CASTRO: É físico doutora?
MAGDA VAISSMAN: Fisicamente, fisicamente. Por que houve já um distúrbio ali no centro de recompensa, exatamente como no caso da droga, exatamente como no caso da droga, uma alteração  do chamado sistema dopaminérgico.
INÊS DE CASTRO: Doenças da vida contemporânea: vício em internet, vício em tecnologia, são vícios sim conforme está explicando a psiquiatra, membro da Associação Brasileira  de Estudos de Álcool e Outras Drogas, a doutora Magda Vaissman. No próximo bloco, os danos daqueles que se viciam em internet,  pessoas que vão aos poucos saindo do mundo real, pra entrar num mundo de fantasia, que é o mundo da internet.
Eu lembro que você também pode participar da nossa programação e escreva pra mim: inesdecastrodecastro@bandnewsfm.com.br.
Intervalinho. Vamos atualizar as notícias na sua região. Já, já estou de volta aqui na BANDNEWS FM.
O isso é coisa da sua cabeça que hoje fala sobre o vício na internet.
INTERVALO
O BANDNEWS esta de volta e hoje o assunto aqui é o vício em internet.eu estou conversando com a psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Estudos de
 Álcool e Outras Drogas, a Dra. Magda Vaissman, que já explicou que esse vício não é um vício menor não, pode ser um vício tão importante quanto o vício em cocaína e em álcool que são os vícios químicos, ou o vício do jogo, do sexo que são considerados os vícios não químicos A psicóloga americana Kimberlan Yan que tem pesquisado os em internet, diz que os viciados em internet vai aos poucos perdendo os elos com o mundo real, até desembocar num universo paralelo e completamente. A senhora concorda com isso?
MAGDA VAISSMAN: Concordo, por que  já vi casos iguais a esses, já vi casos de pessoas que, principalmente com esses jogos tipo fazenda começam a ver o mundo completamente deles e se afastam do dia-a-dia. Já vi casos assim onde ele vai realizando, digamos assim, realizando a sua psicose.
INÊS DE CASTRO: A senhora concorda que os pais podem exercer um papel determinante no desenvolvimento  desse vício?
MAGDA VAISSMAN: Às vezes os pais são desinformados, às vezes os pais são muito ausentes, e ai, nesse sentido, a criança o jovem, acaba procurado mais a internet do que o diálogo com os pais. Então, você não pode dizer que depende muito em que família, como é que está estruturada essa família em que o jovem está inserido, o cenário onde ele está inserido, o contexto. Mas há famílias em que não há diálogos, não há presença dos pais. Muitas vezes não há um ideário religioso ou moral, num lar onde há muitas brigas, muitas dissenções, então a internet pode ser um refúgio. E também tem as questões ligadas a modernidade, uma vez que as famílias são diferentes das famílias do passado.
INÊS DE CASTRO: Doutora, o psiquiatra Daniel Spritzer do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas do Rio Grande do Sul, diz que como a internet faz parte do dia-a-dia dos adolescentes e o isolamento comportamento típico dessa fase da vida, a família raramente detecta esse problema antes que ele tenha fugido do controle. Eu queria que a senhora desse algumas dicas pra que os pais ficassem mais alertas com relação ao comportamento dos seus filhos. 
MAGDA VAISSMAN: Como eu sempre digo, os pais têm que acompanhar o comportamento dos filhos e mesmos quando os filhos não querem muito diálogo, eu acho que os pais forçar um certo diálogo. É muito natural, é muito comum que o adolescente nessa fase entre doze, dezesseis, dezessete  anos  ele questione os pais por que faz parte da adolescência ai essa, entre aspas, rebeldias, no sentido em que ele rebelde, pra ele se identificar, quer dizer, ele criar sua identidade. Essa identidade passa pelo isolamento do seu quarto, mas mesmo que haja isso, eu acho que os pais têm que forçar, por que o adolescente ele precisa de norte, ele precisa de regras, não por que ele brigue com você é melhor você vê do que não ver.
INÊS DE CASTRO: Intervalo. Vamos atualizar as principais noticias e já, já mais sobre o vício em internet e não é só coisa de jovem não, vamos falar sobre isso aqui na BANDNEWS FM.
INTERVALO
INÊS DE CASTRO: Vicio em internet, esse é o tema de hoje aqui no isso é coisa da sua cabeça que
 entrevista a psiquiatra, membro da Associação Brasileira  de Estudos em Álcool e outras drogas, a Dra. Magda Vaissman.
Doutora, a gente está falando aqui dos adolescentes, os jovens não são os únicos em abusar da internet, embora eles sejam a maioria massiva, são noventa por cento dos que negam na internet. Mas existe um perfil em viciados em internet que talvez seja mais preocupante, justamente por que foge deste padrão do conjunto ao qual a senhora está se referindo que são as pessoas solitárias. Houve uma pesquisa conduzida pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, que diz que essas pessoas, atribuem à internet a capacidade de aliviar sentimentos negativos como a solidão, o medo, a desesperança. A gente poderia olhar isso de uma forma positiva, por que afinal de contas a pessoa esta tendo ali a sua dor aplacada de alguma forma, está conectada com o mundo mesmo que virtual, mas de certa forma com alguém do outro lado, com alguma coisa do outro lado, o que que a senhora acha, é preocupante?
MAGDA VAISSMAN: Não, eu não acho preocupante. Sem dúvida, eu acho que as relações afetivas mudaram muito a partir da internet. Hoje você tem as redes como o facebook, o Brasil, se não me engano, é o segundo maior usuário do facebook no mundo, está equiparado a China. Hoje você tem essa sensação de ter milhões de amigos, mesmo que sejam amigos virtuais. Você pode abrir um canal de comunicação que anteriormente você não tinha.
 Eu acho que muda muito o tipo de inserção das pessoas nesse mundo a partir dessa possibilidade de inserção nesse mundo virtual, a pessoa passa a se sentir tão isolada.
INÊS DE CASTRO: Então não devemos olhar de forma tão crítica, é isso, quer dizer  isso não seria determinante de nenhum outro comportamento? A gente não poderia fazer a associação dessa pessoa com uma pessoa mais violenta, mais  consegue extravasar seus sentimento, precisa se conectar apenas virtualmente.
MAGDA VAISSMAN: Olha, eu acho, que pra algumas pessoas, eu observo que pessoas solitárias que a partir do uso da internet elas deixaram de ser solitárias, elas ficaram mais conectadas por que passaram a ter amigos virtuais ou ter possibilidades que anteriormente não tinham. Obviamente que tem, sempre tem as suas perversões, tem os voyeurs, tem pessoas que entram na sala de bate-papo, justamente pra zoar os outros pra  fazer brincadeiras, as vezes de mau gosto. A internet trouxe um novo espaço de comunicação interpessoal completamente diverso que você tinha anteriormente.
INÊS DE CASTRO: Doutora Magda, vamos falar então, já que tocamos no facebook,  vamos falar do facebook que tem rendido muitos comentários. Pessoas que gostam de mostrar só o lado bom da vida, postar as fotos mais bacanas. E sobre essas pessoas já falou: “ah no facebook todo mundo é lindo, magro rico, feliz”, não deixa de ser verdade. A gente os quer mostrar o lado bom, mas a minha observação é a seguinte: não é assim também na vida?
MAGDA VAISSMAN: Mas na vida  pessoal você é diferente, um pouco diferente do face, no face é diferente. Você, quando está diante de uma pessoa, é muito diferente do que quando você está no virtual. Mas eu penso assim, que as pessoas procuram muito relacionamento primeiro através da internet. As pessoas procuram através desses sites de  relacionamento amoroso, novas amigos,  comunicação, isso ai está se tornando muito comum entre os jovens. Muito, muito comum, de reencontrar pessoas...
INÊS DE CASTRO: É uma possibilidade de resgate, vamos dizer.
MAGDA VAISSMAN: De resgate, aconteceu por causa da internet, se não houvesse a internet como é que a gente poderia se reunir saber um do outro. Tem o outro lado da moeda. Agora, se você começa toda hora, toda hora procurar, toda postar alguma coisa dessas coisas ai você começa a  desenvolver justamente uma compulsão.
INÊS DE CASTRO: Doutora eu quero falar um pouco a respeito de memória. As Universidades de Harvard e Columbia publicaram um estudo apontando para o fato de que a facilidade que as pessoas acessam as informações estaria influenciando a forma como as suas memórias operam. De acordo com essa pesquisa, que foi realizada com universitários, o ser humano esta criando a tendência de lembrar apenas onde as informações de que ela necessita ficam armazenadas. Quando ela precisa recuperar essas informações o homem utiliza a tecnologia, como os smartfones, o netbooks, os tablets, ou qualquer outro dispositivo que ela se conecte, isso é ruim? Pode prejudicar nossa memória de trabalho, essa que a gente usa no dia-a-dia com coisas básicas ou também pode prejudicar nossa memória mais antiga aquela que fica armazenando informações de tempos muito passados, ou será que a gente está só se adaptando a uma facilidade tecnológica que está disponível nos dias de hoje?
MAGDA VAISSMAN: Eu posso dizer é que hoje você tem uma enxurrada de informações que através de dados escritos, tablets todos, da internet, que antigamente você não tinha. Se a capacidade de memorização do homem... Isso vai se perder. Você só pode saber se você fizer um estudo longitudinal e acompanhar um grupo por mais de vinte anos, se já perdeu memória ou se transformou a memória.
INÊS DE CASTRO: Então a gente só vai saber isso daqui a muito tempo, uma vez que a internet é muito recente, nesse aspecto.
MAGDA VAISSMAN: Exatamente, exatamente. Agora o que a gente pode saber, é que hoje você tem  uma enxurrada de informações o tempo todo, que você tem que  informação, onde você vai tem que informação, você sai pro trabalho, você entra no carro liga o rádio, informação. Você tem televisão hoje no taxi. Você tem televisão no ônibus, você entra em qualquer lugar você está ouvindo alguma coisa, você lá no seu celular você tem notícias, então você está tendo uma enxurrada de informações, então o processamento das informações, que eu acho que é isso que você está me perguntando, é que eu não sei se você tem esse tempo todo, que antigamente nos tínhamos que era a reflexão, o amadurecimento daquilo. Hoje você não tem tempo pra amadurecer por que é informação atrás de informação. Vai modificando também acho que a mentalidade das pessoas isso, isso sim, isso é uma modificação ideológica de mentalidade, isso sem dúvida. Hoje você tem uma sociedade mais individualista, mais imediatista.
INÊS DE CASTRO: Muitos dos nossos ouvintes nesse momento devem está se perguntando, mas será que eu, do jeito que eu acesso a internet, será que eu sou um viciado? eu vou contar  que o Centro de Recuperação para dependência da internet nos Estados Unidos, desenvolveu um para medir o grau de dependência das pessoas em relação a rede. E ai, as pessoas tem que responder coisas do tipo: se o tempo de navegação extrapola aquele que foi planejado se a pessoa prefere se manter conectada, ou manter contato com pessoas de verdade, se imagina que a vida sem internet seria muito chata. A senhora acha que tipo de teste é mesmo capaz de medir o grau de dependência que alguém tem da rede?
MAGDA VAISSMAN: Sim, acredito por que são, esse tipo de perguntas, elas são sempre as mesmas para todas as outras, mudam os temas, você pergunta a mesma coisa em relação a comida ou em relação a droga, se você fica muito tempo em relação a droga, em detrimento. São os critérios de dependência, entendeu? Que eles tão perguntando são os mesmos para todos, para todas as dependências, só muda o nome.
INÊS DE CASTRO: Está certo.
MAGDA VAISSMAN: Eu acredito que sim, são sugestivas nisso.  
INÊS DE CASTRO: No último bloco no isso é coisa da sua cabeça, vamos falar sobre casos de adolescentes que se prejudicaram muito por causa do exagero na internet. Você fica agora com as noticias da sua região e m alguns minutinhos estamos de volta aqui na BANDNEWS FM.
INTERVALO
INÊS DE CASTRO: Quantas horas você já passou na internet hoje? E ontem? Quantas horas foram? Tem gente
  substituindo a vida real pela vida virtual e esse  o tema no “isso é coisa da sua cabeça”: o vício em internet. Eu vou perguntar a minha entrevistada, a psiquiatra Magda Vaissman, que pesquisa esse assunto profundamente, se nós estamos exagerando um pouquinho quando estamos falando em vício quando a gente se refere a internet.
MAGDA VAISSMAN: É igual do jogo, já vi o jogo destruir a pessoa e a família. O jogo de internet, já vi destruir adolescente.
INÊS DE CASTRO: Há casos reais de adolescente que tenham tido a vida completamente  por causa da internet?
MAGDA VAISSMAN: Há casos, eu já atendi casos assim, é muito grave, muito grave. 
INÊS DE CASTRO: O que que acontece com a pessoa?
MAGDA VAISSMAN: a pessoa não faz mais nada a não ser ficar dentro do quarto e dorme, vira o dia pela noite e fica na internet o tempo todo, baixa seu rendimento escolar, entendeu?  Se isola do mundo, se desliga da realidade, como se fosse uma psicose, por que a pessoa não se liga mais a realidade, não sabe mais o que acontece.
INÊS DE CASTRO: Quem vê, por exemplo, um marido, um filho, conectados por muitas e muitas e muitas horas, não consegue se separar de um celular com acesso a internet, deve alertar essa pessoa, como é que  deve ser essa abordagem?
MAGDA VAISSMAN: Tem que tentar conversar, tentar ver que há outras maneiras de se distrair, de se divertir, explicar que isso pode se converter numa dependência, muito mais frequente um abuso do que uma dependência. O que que é o abuso? O abuso é quando a coisa não se tornou ainda uma doença. Esse quando está ainda a nível do abuso, você pode conseguir controlar é só você  querer.
INÊS DE CASTRO: Bom, vamos considerar que esse viciado em internet se recuse a aceitar e resista a colocação da família, dos amigos, por exemplo. Tem ainda uma outra abordagem, uma outra maneira de insistir com essa pessoa?
MAGDA VAISSMAN: Se a pessoa continua, ele tem que procurar um profissional especializado em tratamento de modificação conduta, que são os psicólogos que fazem terapia cognitivo comportamental. Onde ele vai trabalhar todas essas sensações que tem o uso excessivo de internet, modificando  essa conduta. Mudar o pensamento e o sentimento em relação a compulsão de internet. Psicanálise não é indicada nesses casos, por que a psicanálise não se propõe a mudar uma conduta, já a terapia comportamental ela se propõe a isso, mas você pode, às vezes, até em doze sessões conseguir isso.
INÊS DE CASTRO: Eu quero agradecer a médica,  psiquiatra, membro da Associação Brasileira de Estudo em Álcool e Outras Drogas Dra. Magda Vaissman comentando aqui na BAND FM sobre o mais novo dos vícios que andam nos afetando, afetando muita gente por ai o vicio pela internet. O facebook, as redes de relacionamento enfim, todo esse mundo virtual. Doutora, muito obrigada pela participação aqui no isso é coisa da sua cabeça, um abraço pra senhora.
MAGDA VAISSMAN: Muito obrigada a vocês e até a próxima oportunidade. Até mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário