Prefeitura recolheu 82 menores desde maio, quando medida  compulsória passou a valer
Matéria de Gabriela Pacheco, do R7
Desde 30 de maio passado, a Prefeitura do Rio de Janeiro interna,  de modo compulsório, crianças  e adolescentes viciados em crack e outras drogas. Entretanto,  apesar de já ter 82 menores de idade internados, a administração municipal ainda  não tem um planejamento definido sobre como tratá-los.
O secretário municipal de Assistência Social, Rodrigo Bethlem reconhece que a prefeitura não tem uma "fórmula mágica" para reabilitar os usuários de crack e que a administração está em fase de testes sobre quais atividades funcionam no tratamento. Ele admite que o modelo de tratamento para reabilitação de dependentes de crack está em construção no Rio.
- O crack é um assunto relativamente novo no Brasil. Ninguém tem fórmula  mágica. Buscamos em todo o país exemplos de sucesso. Estamos engatinhando,  estamos aprendendo.
Conveniada à prefeitura, a Casa Viva, em Laranjeiras (zona sul do Rio) é  apresentada como modelo de abrigo público especializado em recuperação de  dependentes químicos. Sem uma rotina fixa, 11 menores de idade, de dez a 15  anos, são acompanhados por enfermeiros, terapeutas ocupacionais e um psiquiatra,  que é o diretor da entidade.
O grupo, encontrado em diferentes bairros da capital fumando crack,  passou antes pela Delegacia da Criança e do Adolescente para identificação. Em  seguida, foi levado ao Centro de Recepção Carioca, onde profissionais constatam  se há dependência de drogas. A partir daí, ou o menor é encaminhado a entidade  voltada a usuários ou vai para abrigos convencionais. A princípio, o menor de  idade fica 45 dias internado.
Entretanto, segundo a secretaria, pode passar até oito meses sob tratamento obrigatório, se o caso for grave.
Entretanto, segundo a secretaria, pode passar até oito meses sob tratamento obrigatório, se o caso for grave.
De acordo com especialistas, o tratamento de viciados requer mais que a  desintoxicação. A professora de psiquiatria da UFRJ Magda Vaissan explica que  são necessárias uma equipe de profissionais, atividades físicas e oficinas de  arte durante a reabilitação.
- É preciso motivar o usuário para que ele queira deixar o crack. O abrigo  não deve ser uma prisão, por isso devem ser proporcionadas atividades.
A reportagem do R7 conheceu a Casa Viva. O imóvel tem três  andares, é limpo e arrumado, com uma pequena área externa. Entretanto, a falta  de espaços que permitam brincar livremente ou praticar esportes chama a  atenção.
Jaber também afirma que é importante capacitar as pessoas que cuidam das  crianças no dia a dia.
Investimento e custos
A partir deste ano, a Secretaria Municipal de Assistência Social tem R$ 8  milhões a mais no orçamento, totalizando R$ 23 milhões. A internação de cada  menor de idade acolhido compulsoriamente custa R$ 2.500 por mês ao município.  Caso as 145 vagas disponíveis no sistema sejam ocupadas - ao todo, há quatro  abrigos para menores dependentes de drogas na capital -, o custo total será de  R$ 310 mil por mês e R$ 3,6 milhões ao ano.
A reabilitação em abrigos públicos pode ser uma alternativa aos altos valores  cobrados em clínicas particulares. Na Saint Roman, em Santa Teresa (centro), uma  diária, apenas com os serviços de hotelaria, sem contar os exames médicos e o  trabalho da psiquiatria, custa R$ 480 em apartamento individual, e R$ 395  em quarto duplo.
Na clínica Vila Serena, no Maracanã (zona norte), que possui convênio com  empresas como a Petrobras, a diária custa R$ 357 e a semana, R$ 2.449. Entre os  serviços oferecidos, estão palestras, dinâmicas em grupo, plano individualizado  de tratamento, educação física e programa de reinserção familiar.
*Colaborou Mariana Costa, repórter do R7  Rio
